Yoga com Liana
Só recentemente tive interesse em ler algo sobre o yoga e sobre algumas posturas que gosto de praticar, e agora, neste minuto, ao escrever esse texto, é que me dei conta de que essa falta de vocabulário e conhecimento formal foram para mim como um presente: tudo o que sei sobre yoga aprendi através do coração. Talvez por isso não lembre ao certo quando aconteceu (talvez 3 ou 4 anos atrás) mas tenha nítido na memória o impacto que tive ao fazer a primeira aula de yoga com a Liana. Fui acompanhando uma grande amiga que já era aluna assídua e amava, mas confesso que fui sem grandes expectativas: até então tudo que eu havia provado de yoga eram aulas avulsas em que eu me sentia meio desajeitada, tentando fazer posturas que eu claramente não tinha habilidade para executar e, por fim, ficava uma sensação de que aquilo não era para mim... de que eu era meio desconjuntada... de que não havia conexão. E não havia mesmo!
Enfim, a primeira coisa que me chamou a atenção no método da Liana foi que começamos a aula de olhos fechados e assim seguimos por quase toda a prática... de cara desconfiei: como vou conseguir fazer alguma coisa de olhos fechados se nem mesmo olhando (e tentando avidamente copiar o professor e os outros alunos) eu era capaz de seguir uma aula?! Mas, surpreendentemente, aí é que morava meu presente – a tal conexão que nem havia passado perto até então! Conforme Liana ia descrevendo quais movimentos deveríamos fazer e, com muita delicadeza e amor, indicava o caminho com suas próprias mãos (tocando um músculo que deveria relaxar, guiando a direção de um braço ou de uma perna...) fui me centrando e entrando em contato comigo mesma. Lembro claramente que, quando em uma torção, depois de eu ter me posicionado de acordo com as direções “anatômicas” dadas pela Liana, ela disse: “Agora mostre seu rosto. Essa é uma postura de dignidade”...Nessa hora algo dentro de mim brilhou e eu sorri, mostrando meu rosto, sentindo-me digna e certa de que, de um modo novo para mim, eu estava na postura correta.
Ao fim daquela primeira aula, não tive dúvidas, eu tinha que ficar.
Na época eu morava em Niterói e as aulas eram em Botafogo – uma viagem! Mas não tinha outro jeito, meu coração dizia que havia algo muito bom para mim ali. Então, toda semana eu pegava o ônibus e fazia, satisfeita, minha viagem em busca de mim mesma.
Com o passar das aulas fui aprendendo um monte de coisas novas. Ao me colocar na postura do guerreiro, me sentia forte e capaz de seguir em frente mas, melhor que isso, foi quando descobri que além de tudo eu podia “sorrir” com as clavículas nessa postura (a Mestra sempre mostrando lindos caminhos). E assim, aos poucos, fui percebendo que é possível sorrir com meu corpo inteiro, mesmo estando em uma postura de força e coragem. Ser firme, forte, doce e flexível, tudo ao mesmo tempo.
“Vá até seu limite e volte um pouquinho para não se machucar. Esse é o ponto em que trabalhamos. Seja gentil consigo mesma”. Taí outro ensinamento que deu pano pra manga dentro de mim - quanta novidade para alguém como eu, tão habituada a me pressionar! Ser amorosa comigo mesma, acolher falhas e desequilíbrios... tudo isso foi se tornando possível conforme eu fui praticando e me entregando.
De lá pra cá o yoga se tornou parte da minha vida e foi abrindo portas para estar frente a frente comigo mesma. Yoga para mim é uma ferramenta de aceitação, entrega, cuidado e amor. O tempo em que me dedico a conhecer meu corpo e, através da sua observação, mergulhar nos sentimentos mais profundos que carrego comigo: sem culpa, sem expectativas, sem julgamentos. Experimentando ser quem eu sou.
Cada vez que pratico me aproximo um pouco mais da minha essência, daquilo que sou antes de ser Fernanda, antes de ser filha, antes de ser esposa, antes de ser mulher... aquilo que é imutável e perfeito. O pedacinho de Deus que sou. E, em breves momentos, posso sentir a paz que todo ser carrega dentro de si.
Sou infinitamente grata.
Namastê.
Fernanda Latini
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